terça-feira, 30 de outubro de 2007

Desmascarando o REUNI em 5 pontos

É de causar estranheza por que um programa como o REUNI, que visa a ampliação e maiores investimentos na UFPE tem causado reações tão adversas. Aqui vamos, resumidamente, ir além da superfície “bonita” do Programa, chegando as profundezas de sua verdadeira face.

1. O REUNI foi instituído por um decreto presidencial (decreto nº 6096), no qual afirma que o programa durará 5 anos, a contar do início de cada plano (art. 1º § 1º).
Sendo um decreto, a qualquer momento pode ser revogado, além disto, a UFPE aderindo ao plano para o ano que vem (2008), este irá até 2012, sendo que depois de 2010, é findo o governo atual, logo quais são as garantias de manutenção do REUNI que o futuro presidente, ainda desconhecido, nos dará? Uma política pública de longo prazo como a Educação, não poder ser gerida de forma tão instável.

2. O decreto afirma que serão viabilizados até 20% no orçamento paras as universidades federais. Segundo o documento de Diretrizes Gerais, este valor é da ordem de R$ 2 bilhões para todo Brasil. De acordo com o art.3 §1º estes recursos extras são para todos os 5 anos, ou seja a verba é fixa, logo ficará defasada ao longo do tempo.
Há duas situações que põe em risco a vinda do dinheiro: no mesmo artigo 3º, no §3º afirma-se que a liberação da verba é vinculada ao orçamento do MEC, que é feito todo ano. Como a liberação é gradual corre-se o risco de em determinado ano, o dinheiro não caber no orçamento do Ministério e não ser repassado. Convém relembrar que a conta de dois anos (2011 e 2012) fica para o próximo governo pagar. Por fim, segundo o artigo 6º os investimentos são liberados de acordo com o cumprimento das metas, caso o MEC julgue que em determinado ano a UFPE não cumpriu as metas a verba é cortada. Em ambos os casos, haverá todo um programa de expansão e centenas de estudantes extras, mas sem dinheiro para mantê-los com qualidade.

3. Dentre as metas globais do projeto há elevar a taxa de aprovação a 90%, ao longo de cinco anos (art.1º §1º). Segundo dados da Organização para a Cooperação Econômica e Desenvolvimento, no mundo, somente o Japão possui tal índice. O cálculo da taxa também gera problemas: é feito dividindo-se o numero de estudantes diplomados em determinado ano pelo número de estudantes ingressantes a 5 anos atrás (diplomados ÷ ingressantes a 5 anos) (Diretrizes Gerais). Sendo a duração da maioria dos cursos de graduação de 4 anos, a pessoa que é computada entrando não a mesma que é computada saindo. Lembrando que o recebimento do dinheiro é vinculado ao comprimento das metas, é preocupante o cálculo deste dado não condizer com a realidade. Além disto, um programa que se presta a fazer com que o aluno conclua o curso no tempo certo, tal cálculo, tão discrepante da realidade, é contraditório.

4. A segunda meta global é a elevação da relação aluno/professor para 18 em cinco anos. Na fórmula do cálculo há uma dedução dos professores de pos-graduação, porém muitos destes professores também dão aula na graduação. Além desta relação não significar que o professor atende, de fato, a 18 alunos. Geralmente os professores dão mais de uma disciplina por semestre, logo se, por exemplo, ele dá aula a duas turmas com 40 pessoas e ainda faz a orientação de mais duas monografias de conclusão de curso, o professor está atendo a 82 alunos o que é muito díspar de 18.

5. Finalmente existem duas portarias interministeriais (nº 22/2007 e 224/2007) que falam sobre os “professores equivalentes”, uma unidade de medida. Um P.E. é igual a um professor adjunto nível I 40h semanais. Criou-se para facilitar a contratação de professores, logo toda admissão de docentes se dará desta forma. Segundo a regulação 1 P.E. = 1,55 Prof. Dedicação Exclusiva com 40h semanais e 0,5 P.E. = 1 Prof, 20h semanais. Também se deve lembrar que a contratação de mais professores, acarreta a entrada de mais estudantes já que a relação de 18 alunos/professor deve ser mantida. Como a verba é fixa, é mais viável, financeiramente, a contratação de um professor 20h semanais do que um 40h dedicação exclusiva. O primeiro limita-se a dar aulas, o segundo faz ensino, pesquisa e extensão. Logo o maior número de professores em regime de 20h semanais conjuntamente com mais alunos sobrecarregará os professores em dedicação exclusiva, além de ameaçar o tripé constitucional ensino-pesquisa-extensão.

5 comentários:

Igor disse...

O mais absurdo é saber que a reitoria decidiu aprovar um projeto atropelando todo mundo, pois até os próprios professores que votaram não tinham a propriedade e o esclarecimento sobre o assunto! Então por que a reitoria se nega em fazer um debate amplo e realizar um plebiscito? Está clara a postura da reitoria em abafar a discussão...

hugoleo disse...

O problema de vcs é que vcs só enxergam problemas em tudo. Impresionante como a divulgação de panfletos e coisas do tipo é tendenciosa e maliciosa.

E esse "charminho" de ficar contra a dita imprensa oficial não tem o mínimo cabimento. Todos sabemos o motivo da "esquerda revolucionária" estar contra a imprensa. E certamente o REUNI nada tem a ver com isso. Portanto acho que vcs estão cometendo um erro grave ao misturar essas duas coisas que NADA TEM A VER UMA COM A OUTRA. E não adianta negar.

Vejam só: vocês é que não estão aceitando uma cobertura com um olhar possivelmente diferente do de vcs. As noticias saem apenas do jeito que VCS querem (na minha opinião bastante tendenciosas, como é a maioria dos movimentos da "esquerda revolucionária").

Enfim... Até seria saudável discutir os pontos "polêmicos" do REUNI, mas vcs generalizam de uma forma grotesca.
Dá até vonde de rir.

Nêga disse...

TUDO HAVER REUNI E IMPRENSA !

a posição da ocupaçãoda ufpe quanto a mídia, diz respeito a cobertuta da grande imprensa, SOBRE, o movimento de ocupação.
Quanto ao REUNI, realmente eu acho, que eles deveriam fazer melhor o trabalho deles quanto a essa pauta. Nós não estamos escondendo o decreto, o projeto
do REUNI numa das nossas barracas (rsrsrsrssss) está publicado em todo canto (inclusive aqui)! O reitor só não quer falar com a gente, mas está a disposição deles, inclusive marcando uma coletiva de impensa pra apresentar o prjeto( alías, galera do Blog, como foi isso? dêem a notícia sobre esse grande encontro)! então, eu não tô te entendendo... TEM TUDO HAVER REUNI E IMPRENSA!!!!! OU seja, de fato as notícias do blog são o ponto de vista de parte dos estudantes da UFPE (parte desses acampadados na reitoria) e se a grande imprensa não cobre a questão do REUNI... bom, essa parte a gente (não sei você Hugo Leonardo) já sabe.

Eu, tu, nós disse...

Até quando fingiremos voar enquanto nossos corpos despencam no abismo da hipocrisia e nossas mentes se perdem nas ilusões?
Será que nossa triste e frágil carne encerra algo que nos faça um dia ver e lutar contra essa medíocre correnteza que nos arrasta incessantemente para um precipício de farsa, de frustração? Um fim definitivo de uma raça mesquinha?
Até quando propagaremos no tempo e no espaço a debilidade, a ignorância e os pecados dos nossos antepassados que há muito já foram transpassados pela lança do tempo?
Será que viveremos e morreremos eternamente imortalizando as mesmas e novas ações que nos remeterão sempre a longa família dos primatas?
Até quando a vida será desperdiçada em bares e parques solitários?
Quanto tempo mais nos encontraremos perdidos em salas e escritórios, consultórios, procurando encontrar sentido num mundo desfigurado e desumano?
Abram as portas e tampas de hospitais e caixões: a “humanidade” está morrendo, e tornou-se impossível conter as monstruosidades debaixo das camas e dentro de armários recônditos.
“Morreremos de medo...” (Carlos Drumonnd de Andrade) e sob nossos túmulos sentiremos o peso de um sepultamento sem flores.

Anônimo disse...

Todos os dias os representantes dos D.A's perguntam se os alunos sabem o que é o REUNI; mas ninguém até agora disse o que ele é de fato. Quero saber quando vocês vão explicar tudo, para além das fraquezas que todos sabem existir. Depois querem falar de democracia...